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Técnica antiga de chineses para cultivo de arroz e peixes é experimentada com sucesso no Maranhão

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    EMA - EMA
  • 11 de mai. de 2017
  • 3 min de leitura

Um sistema que otimiza simultaneamente o cultivo de arroz e criação de peixes diminuindo os custos da produção e os impactos ambientais: essas são as principais qualidades da técnica que leva o nome de rizipiscicultura, que já vem sendo experimentada no Maranhão com resultados muito positivos.


HISTÓRIA

Sua história é antiga. Os sábios chineses da antiguidade já haviam descoberto o valor da produção consorciada de arroz e peixe há mais de 2 mil anos atrás. Ao colocarem alevinos de carpa nos tanques os chineses perceberam que em poucos meses o peixe estava grande o suficiente para ser consumido.


VANTAGENS


A vantagem desse casamento está no seguinte: o arroz é protegido pela ação do peixe que, ao alimentar-se de caramujos, insetos, sementes de arroz que ficam no tanque após a colheita e podem provocar o surgimento de fungos, o uso de agrotóxicos se torna desnecessário, tornando o arroz ainda mais saudável. Os peixes engordam sem a necessidade de tanta ração, como ocorre na piscicultura comumente praticada, o que reduz bastante o custo da produção de peixes já que a ração corresponde à cerca de 40 ou 50% do valor investido nas culturas de peixes.


Além da alta produtividade, a vantagem do arroz inundado estende-se para a manutenção da saúde do solo sem que para isso seja necessário manter longos períodos de pousio após cada colheita.


Já no sistema tradicional, para garantir a qualidade do solo, necessita-se aguardar 5 ou mais anos para retornar com o plantio de arroz. Se esse período longo de pousio não for respeitado, há o risco iminente de empobrecimento do solo e surgimento de doenças que certamente irão comprometer a produtividade. Tal dinâmica inviável o plantio de arroz todos os anos, especialmente para os proprietários de pequenas extensões de terra, como é o caso da agricultura familiar.


Existem diferentes modos de cultivar o arroz: o mais praticado no Maranhão, no âmbito da agricultura familiar é o sistema de sequeiro no modelo corte e queima, mas além do sistema de rizipiscicultura, o arroz também pode ser cultivado em sistemas agroflorestais.


NO MARANHÃO, O FUTURO DOS PRODUTORES DE PEIXE E ARROZ PODE SER PROMISSOR


Nós da Associação Educação e Meio Ambiente (EMA), estamos desde 2014 em uma parceria com o Programa de Pós-Graduação em Agroecologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), na pessoa do professor doutor e pesquisador Christoph Gering para experimentar a técnica de Rizipiscicultura no Maranhão.


As primeiras experiências se deram por meio de campo com produtores em Arari, durante capacitação promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Agroecologia da UEMA. Os técnicos da EMA participaram ativamente no que se configurou um intercâmbio entre os produtores dos 23 assentamentos mobilizados assistidos pela EMA que atua articulando outros prestadores de serviço: as empresas WP – Serviços Ambientais e Agropecuários, a PANTELLUS – Serviços Ambientais e Agropecuários, Organização Não-Governamental Áridas e a Cooperativa Terra e Vida.


O primeiro tanque implantado em Pirapemas pela EMA em caráter experimental deu muito certo: “Com base nessa experiência percebemos que esse sistema será muito útil na intensificação da agricultura familiar no estado. Queremos instalar esse sistema em outras bacias hidrográficas, e sabemos agora que isso é um modo inteligente de garantir a segurança alimentar dessas populações. A piscicultura no Maranhão tem aumentado, mas os elevados custos de produção, principalmente com a ração, trazem muitos riscos. A rizicultura no Maranhão em sistema de sequeiro de corte e queima está em franco declínio e a rizicultura inundada simples, sem peixes, ainda é muito inacessível para os pequenos produtores. Acreditamos que o sistema de policultivo, associando as duas culturas, é o mais viável economicamente para os pequenos produtores sustentável para eles e para o meio ambiente.”, afirma a agrônoma e coordenora da EMA.


Maria Elisabeth Detert explica ainda de que modo a Rizipiscicultura colabora para outras culturas: “os diques, amontanhados de terra que delimitam a área do tanque evitando vazamentos, são áreas sempre molhadas que permitem o plantio de árvores frutíferas e hortaliças”


Por meio desses dados vemos que não é a toa o reconhecimento que esta técnica notoriamente agroecológica possui em vários países do mundo dentre os quais se destacam a Índia, a Malásia, a Indochina, Madagascar,a China continental, Itália, Japão e Vietnã. Na América do Norte a técnica chegou por volta da década de 50. Já na América do Sul, onde a técnica começou a ser difundida na década de 70, o Brasil possui destaque e certamente as experiências que estão sendo realizadas no âmbito da agricultura familiar serão muito relevantes.


O Brasil é um país que figura internacionalmente como um celeiro farto, com inúmeras possibilidades de produzir alimentos para o mundo. Investir na intensificação do uso de técnicas agroecológicas com forte inserção de pequenos produtores é a chave para elevar a produção de alimentos de qualidade para uma população mundial crescente, sem com isso prejudicar o solo, elemento fundamental para esse processo e que merece atenção expressa em escolhas que evitem exaurir seus nutrientes e tudo o que necessita para manter-se fértil e produtivo.


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